Tradução é possivelmente a metáfora mais recorrente nas definições antropológicas do que é fazer etnografia: a idéia de que aquilo que o etnografo faz é traduzir uma cultura nos termos de outra perpassa as reflexões antropológicas. Entretanto, sabemos que as metáforas não são apenas figuras de linguagem - mesmo porque figuras de linguagem nunca são apenas - mas, ao contrário, revelam a existência de relações subjacentes, muitas vezes inconscientes para quem as enuncia. Esta é a pista que orienta a proposta que formulamos para este projeto: quais as relações que podemos estabelecer entre o trabalho do entografo e o do tradutor? em que estas atividades se aproximam e as assemelham? Por que, enfim, definimos na antropologia, com muita frequência de forma bastante naive, a etnografia como tradução.
Coordenação: Valter Sinder