Este projeto objetiva o estudo de situações sociais em que a humilhação, enquanto conjunto de práticas de rebaixamento exercidas por agentes específicos contra sujeitos também específicos (Margalit 1998; Miller 1993; Nussbaun, 2006; Lindner 2001), atua como dispositivo que nos permite fazer leituras sobre desigualdade ? por vezes, extrema - de raça, gênero e sexualidade. Especificamente, o projeto se propõe discutir os modos como gênero, raça e sexualidade são feitos tanto por meio da prática da humilhação, como através das emoções suscitadas pelo ato de humilhar e sentir-se humilhado. Defende-se, assim, que a humilhação é uma categoria pertinente para a discussão sobre as relações de gênero/sexualidade e as relações raciais. Acreditando que existe um lugar social em que gênero, sexualidade e raça são construídos e reconhecidos a partir de atos vexatórios, essa se torna uma categoria útil para a análise dos marcadores sociais da diferença e da desigualdade. Assim, pretende-se explorar a humilhação como um caminho de interpretação das gramáticas do racismo, da homofobia, da transfobia, bem como das situações em que são ativadas e atualizadas as hierarquias de gênero. A noção de excesso, operacionalizada como aquilo que extrapola os limites do ordinário, auxilia a análise sobre a humilhação como prática de rebaixamento. Refiro-me a experiências em que a humilhação torna-se violência ou crueldade contra corpos que não se ajustam às normas hegemônicas de gênero e sexualidade, contra cores inferiorizadas na hierarquia racial ou contra sujeitos que no quesito gênero são igualmente inferiorizados. A pesquisa está vinculada ao Núcleo de Estudos em Corpos, Gênero e Sexualidade do PPGAS/MN, que co-coordeno desde 2013. Visa contribuir na formação de jovens mestrandos e doutorandos, que eu oriento ? especificamente sobre estupro, feminicídio, castigo racial, abandono social ?, e no desenvolvimento da minha própria pesquisa sobre ataque com ácido a mulheres por parte de seus (ex)pares.
Coordenação: Everton Rangel Amorim