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Projetos de Pesquisa

Como não resumir à dor as narrativas sobre pessoas negras em diferentes lugares do mundo? Essa pergunta, derivada de desconfortos éticos e políticos em torno de estudos acadêmicos, produções culturais e práticas estatais e empresariais centradas na reprodução contínua e diferencial do racismo, pode ter ofuscado os discursos sobre as formas de agência e resistência negras. Não é à toa que Beatriz Nascimento no documentário Ori, de 1989, argumenta: "Quando eu cheguei na universidade, uma coisa que me chocava era o eterno estudo sobre o escravo, como se nós só tivéssemos existido dentro da nação como mão de obra escrava, como mão de obra para a fazenda e para a mineração”. Resultado dessa constatação, é a ideia de quilombo como um território de refúgio existencial, isto é, assim como diversos outros autores e ativistas, Beatriz buscou construir a subjetividade e as formas de vida de negros e negras também a partir de um ponto de vista positivo, centrado nas promessas de futuro, na prática política, na ancestralidade, etc. - o que não deve ser entendido como negação do racismo e seus efeitos subjetivos e estruturais, e sim como ampliação do espectro de observação e, por conseguinte, daquilo que é dizível sobre pessoas tão plurais. Em outras palavras, pode-se dizer que não só as vidas negras oscilam entre sujeição e resistência, agência e/ou fuga - conceitos que têm diferentes trajetórias e sentidos nas ciências sociais e humanas - (Díaz-Benítez; Rangel, 2022), como também importa, em termos políticos e epistemológicos, em que pólo do binário sujeição/agência recai a ênfase. Este projeto propõe a descrição e a análise do modo como essa oscilação é vivida, no âmbito cotidiano, por jovens negros que, num país onde 75,7 das mortes violentas são de pessoas negras (Atlas, 2020), podem estar experimentando em relação a suas famílias trajetórias de ascensão social, via educação e mercado de trabalho, uma vez que, nesse mesmo país, foram criadas na última década políticas de ação afirmativa que geraram impacto, ainda que desigual, em universidades e empresas. Qual o real efeito dessas políticas na vida cotidiana desses jovens e suas famílias? Foram essas políticas que lhes permitiram experimentar alguma ascensão e os distanciaram do que vem sendo descrito como "genocídio negro" e que afeta, principalmente, mas não exclusivamente, homens negros jovens que vivem em periferias e favelas? Em termos estatísticos, a ascensão é uma realidade? Quais são os cargos que esses jovens ocupam? Trainees, analistas, gerentes, lideranças ou diretores? Foram promovidos? Em que empresas? De qual porte? Uma vez contratados, quais narrativas sobre a população negra brasileira veiculam? Estão interessados no associativismo político em termos formais e informais, dentro e fora das companhias? Se tem mais recursos que os membros de suas famílias, como isso impacta a vivência em seus bairros de origem? Se ocupam cargos de liderança, quais profissionais contratam, quais políticas promovem? Como as suas trajetórias modulam a forma como pensam o racismo estrutural e os seus efeitos no âmbito público e privado? As perguntas anteriores possibilitam ainda que discursos públicos como "pretos no topo" ou "a favela venceu" sejam problematizados a partir da experiência concreta de jovens negros e/ou de periferias e favelas no mundo corporativo, sem que sejam desconsideradas as relações prévias entre movimentos sociais, políticas públicas e mercado que criaram as condições de possibilidade das experiências sob foco. Isso é importante porque, embora ambas as expressões sinalizem discursos políticos sobre ascensão social, é preciso entender não só se essa ascensão é um fato empiricamente comprovável e em que proporção, mas também quais contradições evoca, carrega e/ou promove.

Coordenação: Everton Rangel Amorim

 

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