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Artigos de Luiz Werneck Vianna

O imprevisto,  o Centrão e a política

Autor: Luiz Werneck Vianna
Ano: 2021

Quando algo é natural, se for banido da sala, ele volta com força redobrada pela janela, clássico aforismo que serve como uma luva para retratar a nossa situação atual, quando se constata o retorno de instituições e de tradições que dois anos de governo Bolsonaro se empenharam em destruir como projeto político, tal como nos casos das suas arremetidas contra os poderes legislativos, e, principalmente, o judiciário. Esse tipo de experiência é uma velha conhecida, praticada com sucesso nos anos 1930 pela ditadura estadonovista, que fechou o Congresso e emasculou o Supremo Tribunal Federal, e foi reiterada pelo regime militar do AI-5, com as cassações de mandatos parlamentares e o expurgo de juízes da nossa mais alta corte. Nos dois casos, como sabido, frustraram-se os desígnios autocráticos e essas duas instituições renasceram com maior vigor.

Uma rota de saída do inferno

Autor: Luiz Werneck Vianna
Ano: 2021

Recebemos como herança maldita uma sociedade saída do ventre do latifúndio e da escravidão e fomos em nossa história lenientes em recusá-la. Ao contrário, seguimos em frente na ilusão de estarmos realizando obra civilizatória sem remover esse lastro pestilencial e até se aproveitando dele no que propiciava o ingresso na moderna ordem burguesa. Pagamos agora, gregos e troianos, nossos vícios de origem com as pragas que emulam com as das cenas bíblicas como as do bolsonarismo, da pandemia descontrolada, com a carnificina exercida sobre jovens pretos favelados e sob ameaça de que a fome venha ainda mais a afligir nossas populações desvalidas. Isolados do resto do mundo, não temos para onde fugir. As portas do êxodo estão fechadas para nós, que temos de ficar aqui e encontrar as vias de saída do inferno que nosso país se tornou.

A pergunta que não quer calar

Autor: Luiz Werneck Vianna
Ano: 2021

A saída onde é a saída, a pergunta dos que padecem dos males do pandemônio que nos acomete com fúria não encontra quem indique uma informação útil. Aqui e ali surgem vozes com a sabedoria cediça dos velhos do Restelo que nos aconselham a esperar pelo bom tempo, a decifrar o movimento das nuvens em busca de sinais benfazejos. Aos que acorrem as ruas, principalmente os jovens que imprecam contra a má sorte que o destino lhes reservou, cabe o retorno às suas atividades on line por falta de outras alternativas de ação até que próxima manifestação lhes devolva o sentido da vida. Da política, lugar de organização de um projeto comum, só nos vem os cálculos dos que cogitam das oportunidades para o poder, o centro político, um lugar que foi de Tancredo e de Ulisses no alvo de políticos sem as credenciais necessárias para sua representação, embora apenas dela possa provir as palavras que orientem e organizem nossas ações.

Bolsonaro, o Centrão e nós

Autor: Luiz Werneck Vianna
Ano: 2021

Há, sem dúvida, uma condução errática nos movimentos do governo Bolsonaro, mas esse é apenas um lado da lua que nós vemos uma vez que da parte oculta aos nossos sentidos se manifestam sinais evidentes de uma estratégia de estado-maior. Esses sinais, contudo, não revelam um plano consistente e concatenado no sentido de expandir seu domínio e influência, ao contrário, longe de serem movimentos ofensivos e afirmativos, denotam seu caráter defensivo e mesmo de tentativas de correção dos rumos erráticos até então perseguidos. O rugir de dentes, as ameaças e arreganhos, tática legada pelo extinto regime militar dos idos anos de 1970, não podem ser levadas a sério num governo que se entregou de mala e cuia às pacíficas forças do Centrão, grupamento político mais interessado em levar o seu quinhão nos negócios do capitalismo brasileiro do que se envolver em aventuras políticas.

Impasses da hora presente

Autor: Luiz Werneck Vianna
Ano: 2021

Fazer a roda da história girar para trás não é um exercício fácil, mas é esse o movimento tentado aqui e alhures. No cenário europeu com o Brexit do Reino Unido, nos EUA com o trumpismo que recusa o fenômeno da globalização, dos grandes movimentos migratórios e da agenda ambiental, e em nuestra América, com o Brasil que refuga não só a história de construção da sua soberania como nação para se atrelar à política e aos objetivos do poderoso país do Norte do nosso continente como também conquistas civilizatórias na agenda comportamental, tais como na emergente questão feminina que afeta tanto o mundo do trabalho como variadas dimensões da vida social, sujeitando-as a um nefasto patriarcalismo, uma das raízes do nosso autoritarismo político.

Mais uma hora e mais uma vez para o liberalismo político

Autor: Luiz Werneck Vianna
Ano: 2021

     Filhos que somos das relações entre o latifúndio e a escravidão, noutras palavras do jacaré com cobra d’água, até que, 5 séculos depois, não fazemos má figura no concerto das nações civilizadas, embora sempre sob ameaça, em certos períodos mais que noutros, de ceder terreno a barbárie, como no tempo presente. Na hora da nossa fundação como sociedade independente mal ou bem conhecemos os valores e instituições do liberalismo político que tinham encontrado animação em movimentos como os da Inconfidência mineira e o da revolução pernambucana de 1817, entre tantos outros, que se vão fazer presentes na Assembleia Constituinte de 1823 cujo texto foi recusado pelo imperador que outorgou, em 1824, a nossa primeira Carta constitucional. Data daí com a introdução do Poder Moderador exercido pelo imperador, que trazia para si a soberania em detrimento da representação política, o batismo da nossa experiência com o autoritarismo político que em estado larvar seguirá presente em nossa história.

RETOMADA

Autor: Luiz Werneck Vianna
Ano: 2021

     Não foi a primeira vez e nem será a última em que se tentou nos infaustos acontecimentos deste 7 de setembro fazer a roda da história retroagir a fim de repor o país nos trilhos do malsinado regime do AI-5, obsessão manifesta do governo que aí está. A intentona, preparada como um plano de estado-maior a que não faltaram recursos oficiais e de setores reacionários das elites econômicas, em particular do agronegócio, tinha em mira jogar por terra a Carta de 88 cujas instituições obstam os arreganhos absolutistas no exercício do poder presidencial. O sistema de controle do poder contemplado no texto constitucional, orientado para a defesa dos direitos políticos e sociais consagrados por ele, demonizado pela clique no poder como entraves às suas ações liberticidas, deveria ser derrogado. Ferindo de morte o constitucionalismo democrático, ao Judiciário caberia apenas agir nos litígios privados na contramão dos processos civilizatórios emergentes desde a derrota do nazi-fascismo na segunda guerra mundial.

A nossa geringonça

Autor: Luiz Werneck Vianna
Ano: 2021

     Ainda é cedo para comemorar as pesquisas de opinião recentes que sinalizam que a via eleitoral está fechada para a reprodução do malsinado governo que aí está. O sobrenatural de Almeida do Nelson Rodrigues, como se viu nas últimas eleições, frequenta outros ambientes além dos estádios de futebol. Fora a hipótese terribilíssima, parecem favas contadas pelo andor da carruagem que as urnas do próximo ano vão selar o fim de mais uma experiência autoritária da nossa história republicana. Evidente que essa leitura, suportada pela força dos fatos que a confirmam, é de alcance geral, e como tal não é singular às correntes democráticas, certamente compartilhada pelos próceres do regime bolsonarista que demonstram a cada passo sua rejeição às normas e às instituições da democracia.

Em política o que é, é.

Autor: Luiz Werneck Vianna
Ano: 2022

       A sociedade está entregue a si mesma, ao desamparo de partidos e de vozes que a representem e mesmo assim, por meio de suas instituições ou até por fora delas, tem-se demonstrado capaz de se defender da pandemia que nos infesta diante de um governo omisso e até conivente com ela por sua postura refratária às prescrições recomendadas pela ciência. Contudo, apesar dele, os brasileiros acorrem em massa aos postos de vacinação e ao uso de máscaras e se disseminam práticas de autodefesa nas periferias por meio de práticas solidárias, especialmente nos seus setores subalternos afligidos por uma situação de miséria crescente. O credo neoliberal vocalizado em tom triunfante por Margareth Thatcher de que essa coisa de sociedade não existe tem encontrado refutação eloquente na cena brasileira atual.

As eleições como forma superior de luta

Autor: Luiz Werneck Vianna
Ano: 2022

Por: Luiz Werneck Vianna

Será que o Brasil é isso mesmo, indiferente diante da injustiça, chapado sem erguer um dedo em sinal de protesto aos males que lhe são infligidos, engolindo ofensas calado, anômico, abúlico, e que estivemos redondamente enganados quando o imaginávamos, não há muito tempo, pleno de energia e animado para grandes realizações? Quando perdemos os elos que nos vinculavam a nossos maiores e seus feitos exemplares, como os de Mario Andrade, Drummond, Bandeira, Villalobos, Portinari, Niemeyer, Rondon, os tenentes de 22, a Coluna de 24, os do Teatro de Arena, com o Guarnieri e o Vianinha, e com todos aqueles que deixaram em seus rastros a promessa de aqui iria florescer uma sociedade justa e solidária?

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